terça-feira, 21 de setembro de 2010

ONDE ESTÃO SEUS SONHOS?

Há uma crise de identidade generalizada em pleno século XXI. Talvez isto explique o porquê da constante decepção de todos aqueles que baseiam suas convicções sobre sua própria vida em comparações. É como se tivéssemos nos esquecido de que somos todos diferentes. E portanto, sonhos alheios podem nos inspirar, mas não são necessariamente nossos sonhos.
O foco daqueles que tem difundido o ensino herético do pensamento positivo e da prosperidade como vontade de Deus, é a expropriação dos sonhos. É como se você não precisasse sequer avaliar se de fato as coisas boas que estão sendo prometidas realmente são aquelas que irão fazer sua vida fazer sentido. O misticismo vence o autoconhecimento.
Peguei carona nos sonhos de outras pessoas dezenas de vezes. E isto nunca foi necessariamente ruim. Sonhos alheios momentaneamente me ensinaram muitas coisas. Mas chega a hora em que torna-se necessário aprender a sonhar por si mesmo.
Também dá pena daqueles que se conformaram com os sonhos enlatados. Carros, casas, dinheiro, faculdade, trabalho… como se estas coisas pudessem preencher o vazio que há dentro de cada ser humano.
Proponho a estes o exercício Tyler: saia na rua, provoque uma briga com completo estranho… e perca. Verá que provocar uma briga é algo relativamente fácil. Mas perder, nem tanto.
Quem ainda não aprendeu a perder, não está pronto para vencer. Quem não sabe sonhar, jamais irá experimentar uma vitória autêntica.

JESUS TINHA OS PIORES AMIGOS DO MUNDO

Todo homem se sente sozinho ao menos uma vez na vida. Na maioria das vezes por que percebe que mesmo estando cercado de pessoas, dificilmente conta com o apoio incondicional da amizade alheia. Então as pessoas entram em crises. E se esquecem que a figura de Cristo não foi nem um pouco agraciada com amigos excepcionais.
O problema da amizade no mundo contemporâneo é a busca da aceitação. Queremos quem nos aceite do jeito que somos. Quem compreenda o que não faz sentido. Quem veja o que só pode ser discernido mediante a fé. E se não encontrarmos amizade neste nível, desanimamos, choramos, lamentamos.
Aí você olha para os “amigos” de Jesus e se surpreende. Ele era cercado pelos homens mais incompententes, inseguros e interesseiros da face da Terra. E no meio de seus amigos havia também um traidor. E não há coisa mais desagradável do que conviver com quem irá certamente te apunhalar pelas costas num futuro próximo.
Mas Jesus não viveu estas crises. Ele sabia quem era e qual sua vocação. Ele entendia que o relacionamento com as demais pessoas ao seu redor não podia ser estabelecido apenas segundo a conveniência. E ele tomou a única decisão lícita para quem quer viver o evangelho integralmente: dar de si mesmo sem reservas.
O problema das pessoas com o convívio em comunidade se dá principalmente pela dificuldade que temos em prestar contas de nossa vida. E isto acontece por que não temos amigos. Temos “conhecidos”. Mas não há cumplicidade nos relacionamentos. É como se as pessoas não fossem boas o suficiente para que nós possamos nos expor. E realmente elas não são. Nem elas, nem nós mesmos.
A vida em comunidade COM COMPROMISSO é parte das disciplinas espirituais indispensáveis para quem quer fazer parte da Igreja de Cristo. Não somos Igreja apenas por sermos dois ou mais. Somos Igreja quando nos submetemos voluntariamente uns aos outros e aceitamos a repreensão do outro. Somos Igreja quando caminhamos mais devagar por que o propósito do REINO é que o indivíduo renuncie a seus direitos em favor dos outros. Morremos para que a COMUNIDADE viva.
Você precisa de amigos? Reflita bem sobre isto. Um homem solitário geralmente é aquele que não se tornou bom o suficiente para se relacionar com outros. E todas as outras desculpas são apenas desculpas. E elas não serão aceitas no dia do Juízo.

UM REMÉDIO CHAMADO HIPOCRISIA

João Batista era um tipo de profeta enfático e duro com as palavras. E tais palavras, obviamente, incomodavam e despertavam 3 tipos de reações. Indiferença, ódio e arrependimento. Curiosamente não há muitas referências aos indiferentes na narrativa dos evangelhos. Estes eram considerados simplesmente como “as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Já os que odiavam os discursos do profeta, ah… estes possuem participação ativa na história; e possuem um lugar “bem quentinho” reservado na eternidade. Mas o grupo que mais se assemelha aos cristãos do presente século é o terceiro tipo. Pessoas arrependidas… que podem não ser necessariamente salvas.
A expressão utilizada por João para confrontar a tais pessoas era “raça de víboras”. Particularmente considero esta expressão muito mais dura do que o “idiota” que usei recentemente em alguns textos e, por isso, recebi trocentas mensagens de repúdio ao meu linguajar. Mas voltando ao assunto… parece que o texto bíblico não se importa com a dureza do profeta. Afinal, todo aquele povo não passava de um bando de cobras. Bicho bonitinho… e traiçoeiro.
O motivo pelo qual os arrependidos daquela época foram confrontados é bem simples. Faziam questão de batizar-se mediante a confissão de seus pecados. E, voltando à realidade de suas vidas egoístas e totalmente longe dos preceitos da justiça de Deus, necessitavam retornar ao rio Jordão para novamente serem batizados mediante a demonstração de arrependimento.
Como João Batista não era besta, ferozmente alertou àquelas pessoas que a única maneira de fugirem definitivamente da ira vindoura era PRODUZINDO FRUTOS DIGNOS DE ARREPENDIMENTO.
E eis a questão que continua a soar como condenação a toda uma geração.
Mudamos a figura do profeta pelo pastor do domingo. E semana após semana, o arrependido recebe a oração em um momento de grande contrição. Pena que, devido à ausência dos frutos de arrependimento, nem o infinito de orações de fim de culto serão capazes de transformar este pecador safado em um pecador genuinamente salvo.
E, obviamente, se temos que lidar com uma geração contaminada com tais preceitos, quem serãos os responsáveis senão nós mesmos que semeamos as devidas sementes equivocadas?
Somos os mestres em ouvir discursos maravilhosos, concedidos aos nossos ouvidos através das palavras de tantos homens em nossa geração. E como as coisas mudaram! Há dúzias de bons cristãos, gritando a verdade das mais diversas maneiras.
Mas preferimos continuar em nossa caminhada mesquinha e egoísta. Passando na drogaria mais próxima antes de cada momento de confronto; adquirindo e se entorpecendo com o remédio chamado hipocrisia. Pois só assim conseguiremos aplaudir aos homens de Deus; e em seguida voltarmos aos nossos próprios interesses.
Pregadores da minha geração… gritem!
Cristãos genuínos que ainda respiram… procurem uma maneira da verdade transformar-se em FRUTOS DIGNOS.
É nossa responsabilidade.
“Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tiago 2:18).

PORQUE NINGUÉM GOSTA DE MUDANÇAS?

Mudanças geram desconforto. Por mais que nosso espírito seja aventureiro e movido por novas emoções, nosso corpo invariavelmente clama por rotinas. E a vida passa a ser considerada agradável (e segura) quando estamos cercados de rotinas.
A vida do cristão obedece a mesma lógica. Ou vivemos confortavelmente em estruturas que exigem um nível controlado de comprometimento, ou preferimos nos arriscar num pioneirismo desenfreado e inconsequente, sem compromisso intenso com ninguém e com nada; como uma busca insana pela adrenalina do novo. Mais uma vez vale a lei da inércia. O parado prefere ficar imóvel. E o que se move recusa-se a parar, pois é conveniente continuar caminhando.
Pouco tem sido discutido na realidade eclesiástica brasileira sobre reforma teológica e, percebo que o assunto não agrada a muitas pessoas. Simplesmente por que independente de sermos pró ou contra o sistema vigente, de algum modo consideramos o modelo estabelecido como CONVENIENTE. Não queremos uma mudança real nas relações. Queremos apenas nos libertar do que existe, sem o compromisso de uma nova proposta.
Curiosamente Jesus fala sobre os fundamentos de sua Igreja, encarregando o apóstolo Pedro de ser uma espécie de guardião de tais fundamentos. Mas nosso foco no estudo do livro de “Atos dos Apóstolos” invariavelmente está nas gambiarras doutrinárias estabelecidas para traduzir verdades eternas à cultura judaica. Mas como somos programados para aceitar o software de 2 mil anos de cristianismo sem questionamentos, preferimos nos dividir em pró e contra o “sistema”. Não queremos algo novo se isto vier a exigir compromisso.
Nossa função enquanto cristãos do século XXI consiste em costurar o passado e viabilizar o futuro. Por que embora não haja nada de novo debaixo do céu, ainda sim torna-se imprescindível a ousadia em romper com a inércia dos fundamentos em que fomos gerados. De modo que a luz do evangelho volte a ofuscar a vida das pessoas que nos cercam. E saberemos que estamos no caminho certo quando encontrarmos homens que abandonarão todas as coisas para nos seguirem. Não por que somos bons, mas por que conhecemos “o caminho”.